Comuna da Terra Irmã Alberta: 20 anos de resistência e produção de orgânicos em São Paulo

A menos de 40 quilômetros de São Paulo, 40 famílias do MST transformaram uma área que seria usada como lixão em um assentamento que hoje produz, em média, uma tonelada de alimentos orgânicos por semana. Batizada de Comuna da Terra Irmã Alberta, a ocupação completa 20 anos de resistência e se consolidou como referência em agroecologia, fornecendo mandioca, uva, abacate e outros alimentos sem agrotóxicos para bairros centrais da capital.
A conquista, porém, não aconteceu de um dia para o outro. A história da Comuna é marcada por ocupação, resistência e apoio de nomes importantes da luta pela terra.
Qual a história da Comuna da Terra Irmã Alberta?
A Comuna da Terra Irmã Alberta nasceu em 20 de julho de 2002, quando famílias ligadas ao MST ocuparam uma área de 100 hectares que seria destinada a descarte de resíduos. A ação foi articulada junto à Comissão Pastoral da Terra (CPT) e contou com o apoio da religiosa Alberta Girardi, figura central na luta pelos direitos dos trabalhadores rurais.
Irmã Alberta, nascida na Itália, chegou ao Brasil em 1971 e rapidamente se engajou na defesa dos sem-terra. Atuou na região do Bico do Papagaio, no atual Tocantins, onde enfrentou ameaças de morte de fazendeiros locais. Em 1987, após o assassinato do padre Josimo Moraes Tavares, com quem dividia a militância, deixou a região, mas manteve-se firme na defesa dos excluídos do campo.
Durante dez anos, Irmã Alberta viveu em Curralinho, no Pará, onde trabalhou em um pequeno hospital e continuou sua militância junto aos mais pobres. Em 1997, mudou-se para São Paulo e passou a integrar a Comissão Pastoral da Terra. Foi nesse período que se aproximou do espaço às margens da Rodovia Anhanguera, área que hoje leva seu nome e abriga a Comuna.
“Se pudesse voltar atrás, voltaria a viver e lutar com os sem-terra. A vida com eles resume um pouco a minha vida de missão”.
Irmã Alberta em entrevista realizada à revista Família Cristã.
A história do assentamento também revela um contraste marcante: a área de 100 hectares pertencia à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e estava destinada a se tornar um lixão. Hoje, em vez de resíduos, dali saem mandioca, abacate, uva e outros produtos cultivados de forma agroecológica por 40 famílias do MST. Somados aos assentamentos Dom Tomás Balduíno e Pedro Casaldáliga, eles chegam a produzir, em média, uma tonelada de alimentos orgânicos por semana.
Mais do que um caso particular, a Comuna da Terra faz parte de um movimento que mostra como a agricultura familiar é decisiva para garantir comida na mesa dos brasileiros.
70% dos alimentos que chegam à sua mesa vêm da agricultura familiar
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 70% dos alimentos consumidos no país têm origem em pequenas propriedades rurais. Alimentos como feijão, arroz, milho, leite, batata e mandioca, são o excedente da produção que foi vendido para gerar renda para as famílias.
Esse modelo produtivo ocupa aproximadamente 67% das áreas rurais, distribuídas em quase 4 milhões de propriedades, e envolve mais de 10 milhões de trabalhadores no campo. Além de abastecer as cidades com alimentos básicos, a agricultura familiar responde por 23% do Valor Bruto da Produção Agropecuária Nacional, movimentando economias locais e ajudando a manter a população em pequenas comunidades.
Mais do que números, a agricultura familiar representa a base da segurança alimentar no Brasil. É dela que vêm alimentos frescos e diversificados, produzidos em sistemas mais próximos das comunidades consumidoras. Valorizar esse setor significa não apenas garantir comida de qualidade para milhões de brasileiros, mas também fortalecer práticas sustentáveis, preservar recursos naturais e assegurar a continuidade de um modo de vida que alimenta o país.
Como comprar os orgânicos da Comuna da Terra Irmã Alberta?
Para comprar os produtos da Comuna, você deve entrar em contato via e-mail, nas redes sociais ou entrar diretamente no site. Os produtos são entregues em cestas a cada duas semanas, sendo possível receber em casa ou retirar em pontos de retirada.
Bairros com entrega em casa:
Os bairros com opção de entrega em casa são:
- Centro;
- Bom Retiro;
- Vila Buarque;
- Consolação;
- Jardins;
- Liberdade;
- Pinheiros;
- Lapa;
- Perdizes;
- Butantã;
- Jaguaré;
- Vila Leopoldina.
Pontos de retirada:
Você também pode retirar sua cesta em pontos parceiros da Terra e Liberdade:
- Casa do Povo (Bom Retiro) – Rua Três Rios, 252 – 1º andar – Bom Retiro, São Paulo – SP, 01123-000;
- Sol y Sombra (Bela Vista) – R. Santa Madalena, 250 – Bela Vista, São Paulo – SP, 01322-020;
- Hera Veggie (Consolação) – R. Fernando de Albuquerque, 93 – Consolação, São Paulo – SP, 01309-030;
- Espaço Curarte (Lapa) – R. Marcelina, 413 – Vila Romana, São Paulo – SP, 05044-010;
- Tofu com Alecrim (Perdizes) – R. Caiubi, 428 – Perdizes, São Paulo – SP, 05010-000;
- Jaca-Bôa (Santa Cecília) – Rua Tupi, 177 – Santa Cecília, São Paulo – SP, 01232-011.
Se você chegou até aqui, mas não vive em São Paulo, saiba que as cestas da reforma agrária podem ser entregues também no Rio de Janeiro, Espirito Santo e Minas Gerais. Aqui você confere a forma de retirada mais próxima da sua casa.
Como entrar em contato:
Para falar com o pessoal da Terra e Liberdade utilize um dos seguintes meios:
- E-mail: terra.liberdade@gmail.com
- Instagram: @terra.liberdade
- Facebook: Terra Liberdade
- Site: https://terraeliberdade.com/
Onde fica a Comuna da Terra Irmã Alberta?
A Comuna da Terra Irmã Alberta está localizada no KM 28 da Rodovia Anhanguera, no bairro Chácara Maria Trindade – Perus, São Paulo.
Agora que você já sabe como comprar produtos orgânicos da Comuna da Terra Irmã Alberta é hora de compartilhar este conteúdo com pessoas que você gostaria que conhecessem mais sobre ela.
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